27 julho 2009

These days


Tá. Eu sei que não é um título original e que o bon Jovi já usou pra uma música dele, mas é o que me ocorre agora.
Não há nada de muito novo no meu mundo, a não ser que eu perdi um amigo esses dias. Um cara que já foi mais do que amigo no meu coração, há muitos anos, mas que nos últimos anos era só o cara brilhantemente inteligente, dono de uma tese de destaque na Faculdade e de um ego bem grande, mas com um humor afiado e com um coração muito grande, também -- embora algumas pessoas talvez não parassem pra pensar nisso. Sabe, é muito triste ver isso acontecer de repente por motivo de doença, mas assim acontece e a gente tem de continuar.
Isso também coloca a gente pra pensar na nossa própria vida e em como a levamos. Eu andei pensando e vi que há algumas coisas erradas, e acredito que a maior delas é a minha auto-sabotagem e esta ansiedade, este exagero de pão e de coca-cola, substituindo as refeições, a falta de sono nos horários certos e de mais água no meu organismo. O que causa isso? Talvez a ansiedade de não poder sair e correr até o meu corpo se cansar, me dar cãibra do lado e de sentir as pernas moles de tanto correr e o coração acelerado -- enfim, sentir o corpo drenado de toda energia para que o cérebro desacelere e pare de pensar um pouco, e pare de fazer com que o coração sinta algumas coisas que eu não queria sentir, tais como tristeza e frustração.
É, eu sei que é natural do ser humano se sentir assim. Só não é natural descontar nos outros a raiva por não poder andar, por ficar sozinha, como eu fiz no sábado ao telefone, quando a minha irmã me telefonou. Enfim, acontece, e a gente tem é de evitar isso.
Algumas coisas, no entanto, não podem mudar (ou, ao menos, não mudam rapidamente). Por isso, a gente tem de aprender a conviver pacificamente com a situação. Eu fiz alguns anos de análise, e sei que dizer que aceitamos algumas coisas é pura hipocrisia. A gente aprende a entender e a conviver com elas. Eu, por exemplo, adoraria fazer algumas coisas se eu pudesse andar. Dançar acho que seria a maior delas. Dançar com as próprias pernas, sair rodopiando por aí, pulando. Eu já fiz isso, quando era pequena. A imagem mais viva na minha memória é a de mim, aos 8 anos, na sala de casa, com aquele sofá novo em folha, e eu rodopiando e cantarolando "Crazy por you" enquanto dramatizava, como se ali fosse um palco em que eu fosse a Madonna atuando. Crianças fazem isso de forma tão natural!
Já a memória do cansaço de andar e da dor nas pernas quando estava parando de andar é bem mais breve, e não tão intensa -- ainda bem. Essas são as coisas das quais me lembro. Me lembro de ser magra e do meu nariz que eu sempre achei grande, apesar de as pessoas dizerem que não (ah!, eu ainda opero o nariz nessa vida). E me lembro de me achar bonita, mas de sempre me ver passada pra trás no ranking das garotas bonitas porque eu era aquela anã que não podia andar, embora eu não verbalizasse isso com tanta objetividade (nem mesmo pra mim, eu acho).
Daí, eu paro pra pensar em tudo o que eu consegui conquistar pra mim, mesmo com todas as dificuldades. Foram duas graduações, duas licenciaturas plenas, vários cursos e congressos, monitorias, o curso de tradução, o mestrado, e agora o doutorado (obrigada, meu Deus, por mais esta dádiva na minha vida). Foram vários estágios, alguns ENEMs corrigidos, e a HP. E eu conheci o Roland Orzabal! Tive muitos amigos que passaram na minha vida, muitas manhãs, tardes e noites em agradável companhia, muitas risadas, choro e confidências. Muita coisa.
Só que ainda há muita coisa por fazer. Eu quero ir à Grã-Bretanha. Eu quero dar aula em uma universidade pública. Eu quero publicar textos acadêmicos de coisas que eu estude e que goste de estudá-las. Eu quero conforto o suficiente pra não me sentir mal por não ter dinheiro pra poder ter um carro e sair pra ir ao cinema quando quiser (e nem me venham falar em DVD -- GOSTO de cinema, embora esta não seja a questão central, aqui).
Miha irmã diz que ser portadora de deficiência não é o grande problema -- o probema é não ter dinheiro pra ter um carro bom e adaptado, que não nos deixe na mão, e de não ter o dinheiro para viver tão bem quanto poderíamos. Bom, esta é a vida de um monte de gente, né. Só que eu ainda continuo a pensar que a deficiência é sim o grande senão da história. Eu não enfrentaria tanto preconceito pra arranjar aulas. Preconceito é uma palavra constante no meu dicionário -- e não é por falta de tentar fazer com que ela suma...
Por que será que num blog de reeducação alimentar eu acabei falando tanto da minha vida?
Eu acho que é por causa disso, exatamente: reeducação alimentar tem tudo a ver com amigos, com família e com se sentir feliz consigo mesma. Vou pagar uma grana de telefone no mês que vem porque nesta semana liguei pras minhas amigas -- duas no Japão e uma na Bahia. Não me arrependo: amizade é como o jardim que a gente deve regar e cultivar com amor. Vou regar mais um pouco, escrevendo cartas nesta semana para umas amigas e talvez indo a SP pra ver outras (se eu conseguir -- graças ao Pai, tenho tido uns trabalhinhos extras que me têm permitido pagar contas e comprar uma coisinha ou outra).
De qualquer maneira, acho que uma visita ao endocrinologista se faz muito, muito necessária. Engordei quase metade do que tinha emagrecido. Então, adiar só seria muito, muito ruim pra mim mesma. É. Vou fazer isso. Vou cuidar mais de mim mesma. CORTAR o pão. Eu sei que já falei isso, mas não desisto de ter isso como propósito. Vou agendar um corte nas pontas dos cabelos (deixei crescer e estou contente com eles). Vou reestabelecer metas. E vou ao endócrino.
No final, vocês podem se perguntar o motivo pelo qual esta foto dos Corrs está no post. Bom, é simples: primeiro, porque ando ouvindo bastante, e segundo porque é sempre bom manter gente bonita e feliz na nossa frente, pra nos inspirar.
Por enquanto é isso, gente. Nem sei mais quem lê, aqui, já que não ando escrevendo, mas é importante pra mim continuar.




06 julho 2009

INtervalo nada bom

Eu não tenho sido uma boa garota. OK, OK, reconheço que trabalho bastante e que eu lutei muuuuito para finalmente poder me matricular no meu sonhado doutorado lá na USP, como farei nesta semana. MAS o quanto isso me custa? E o quanto eu uso isso tudo de muleta?
Não importa. A verdade é que estou 4,5 kg mais gorda e estou mal com isso. Tenho me sabotado. Não fui ao endócrino e não terminei ainda de tomar a paroxetina, como devo. Eu "esqueço" de tomar, como sanduíche, como pão pra caramba. Gente, eu me sinto MAL com isso.
Fui ao cardiologista. Fui ao ortopedista. Peguei atestados para fazer a hidroginástica. PERGUNTEM se eu fui. Coisa alguma. Eu não sei ainda por que é que eu faço isso. Mas faço.
Gente, alguém pode me explicar por que é que a gente se sabota desse jeito? Alguém pode me ajudar a pensar como antes, a retomar esta disciplina?
Tomara que eu consiga!!!